Cidade da Juventude é planificada,
construída e assegurada por jovens

«Nas nossas mãos<br> os destinos das nossas vidas»

A ci­tação é a adap­tação de uma frase de Álvaro Cu­nhal e dá o mote, este ano, a um in­te­res­sante pro­jecto mu­sical, pro­mo­vido pela Ju­ven­tude Co­mu­nista Por­tu­guesa no âm­bito das co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário do nas­ci­mento do his­tó­rico di­ri­gente co­mu­nista, que será lan­çado na Ci­dade da Ju­ven­tude da Festa do Avante!. Mas o que esta frase ver­da­dei­ra­mente ex­pressa, como ne­nhuma outra, é a ati­tude dos jo­vens co­mu­nistas pe­rante a vida e a luta: alegre, com­ba­tiva, re­vo­lu­ci­o­nária, vi­sando a trans­for­mação pro­funda da so­ci­e­dade.

Na Ci­dade da Ju­ven­tude, tudo é feito por jo­vens

A luta em de­fesa dos di­reitos dos jo­vens – sejam es­tu­dantes e en­frentem a mais vi­o­lenta ofen­siva contra a es­cola pú­blica, sejam tra­ba­lha­dores de­sem­pre­gados ou pre­cá­rios e mal pagos – é não apenas o tema em des­taque este ano na Ci­dade da Ju­ven­tude, como é, ela pró­pria, a mais aca­bada ex­pressão do que quis dizer Álvaro Cu­nhal com a frase que serve de tí­tulo a esta peça. Ao lu­tarem em de­fesa de me­lhores con­di­ções nas suas es­colas, do passe es­colar e contra as me­didas que levam muitos deles a aban­donar os es­tudos cedo de­mais, os es­tu­dantes dos en­sinos Bá­sico e Se­cun­dário chamam a si a cons­trução do seu fu­turo; o mesmo fazem os es­tu­dantes do En­sino Su­pe­rior, quando re­jeitam as pro­pinas e exigem mais acção so­cial es­colar; é também da cons­trução do seu pró­prio devir que os jo­vens tra­ba­lha­dores estão a tratar, quando re­forçam a sua par­ti­ci­pação nos sin­di­catos e nas lutas contra a ex­plo­ração e a pre­ca­ri­e­dade e por sa­lá­rios dignos.

Em con­versa com o Avante!, Du­arte Alves, do Se­cre­ta­riado da Di­recção Na­ci­onal da JCP (onde as­sume, entre ou­tras, a res­pon­sa­bi­li­dade pela Festa do Avante!), re­velou que a ex­po­sição po­lí­tica da Ci­dade da Ju­ven­tude – bem como os mu­rais pin­tados um pouco por todo o es­paço – será de­di­cada pre­ci­sa­mente a esta luta, que nasce nas es­colas, fa­cul­dades, em­presas e ser­viços, e trans­borda para as ruas. Luta esta que tem cres­cido e que é de­ter­mi­nante, não só para de­fender e con­quistar di­reitos, como para em­pre­ender a al­ter­na­tiva por que lutam os co­mu­nistas; e que teve em todos os mo­mentos o apoio, a pre­sença e o es­tí­mulo da or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária da ju­ven­tude por­tu­guesa.

Me­rece igual­mente re­alce neste es­paço a re­a­li­zação, em Abril do pró­ximo ano, do 10.º Con­gresso da JCP, sob o lema «Avante com Abril! Or­ga­nizar, lutar, trans­formar», e do 18.º Fes­tival Mun­dial da Ju­ven­tude e dos Es­tu­dantes, que terá lugar no Equador no final deste ano. No Es­paço Mul­tiusos, si­tuado no co­ração da Ci­dade da Ju­ven­tude, ha­verá de­bates (ver caixa) e es­pec­tá­culos.

Es­cola de tra­balho
e de va­lores

Também no que res­peita à cons­trução e ao fun­ci­o­na­mento do seu es­paço na Festa do Avante!, a JCP faz jus à frase de Álvaro Cu­nhal: da ela­bo­ração do pro­jecto à cons­trução das es­tru­turas; da co­lo­cação dos toldos às pin­turas; da con­cepção da ex­po­sição à or­ga­ni­zação dos es­pec­tá­culos; do pre­en­chi­mento dos turnos ao cum­pri­mento dos ser­viços – tudo é feito por jo­vens.

Este ano cabe a Valter Ca­bral a res­pon­sa­bi­li­dade pela bri­gada de im­plan­tação da Ci­dade da Ju­ven­tude, que não só cons­trói o es­paço da JCP como dá um ines­ti­mável con­tri­buto em muitos ou­tros pa­vi­lhões. Du­rante a se­mana, conta o res­pon­sável, estão no ter­reno cerca de 10 jo­vens, aos quais se juntam, nas jor­nadas de tra­balho de fim-de-se­mana, mais «uns 50 ou 60».

Na sua mai­oria, re­vela Valter Ca­bral, os jo­vens cons­tru­tores da Festa não têm qual­quer ex­pe­ri­ência an­te­rior de tra­balho ma­nual, pelo que é feito um es­forço para en­qua­drar os que, pela pri­meira vez, par­ti­cipam na bri­gada de im­plan­tação em grupos onde haja ou­tros jo­vens mais ex­pe­ri­entes. No caso da bri­gada per­ma­nente, sa­li­enta o res­pon­sável, pro­cura-se formar equipas em que me­tade dos ele­mentos tenha algum tra­quejo neste tipo de tra­balho e a outra me­tade seja pouco mais do que no­vata. Desta forma, va­lo­riza, estes úl­timos po­derão ga­nhar ex­pe­ri­ência e, nos anos se­guintes, «passá-la a ou­tros que ve­nham de novo».

Uma coisa é certa: com mais ou menos ex­pe­ri­ência, os cons­tru­tores da Ci­dade da Ju­ven­tude estão a dar bem conta do re­cado. As es­tru­turas de tubo estão mon­tadas, assim como a mai­oria das pa­redes de ma­deira – a cons­trução da Ci­dade pros­segue a «bom ritmo», dentro dos prazos pre­vistos, ga­rante o res­pon­sável.

Mas não é só de tra­balho que se trata, quando o as­sunto é a cons­trução da Festa do Avante!. Há uma com­po­nente pe­da­gó­gica muito sig­ni­fi­ca­tiva nessa ex­pe­ri­ência: os jo­vens que de­dicam al­guns dias das suas fé­rias à cons­trução da Festa do Avante! saem de lá com uma maior per­cepção do valor do tra­balho co­lec­tivo e do seu po­ten­cial trans­for­mador. «Vivem a pró­pria Festa de outra forma», sa­li­enta Valter, ao passo que Du­arte lembra aqueles jo­vens que vão às jor­nadas de tra­balho no fim-de-se­mana e que acabam por ali ficar mais dias, con­ta­gi­ados pelo am­bi­ente que en­con­tram.

96 bandas par­ti­ci­param no con­curso da JCP
Dar palco aos cri­a­dores

O con­curso de bandas da JCP, que todos os anos apura os grupos que ac­tuam no Palco Novos Va­lores, está a ser um êxito. A opi­nião é de João Mar­tins, di­ri­gente da JCP e res­pon­sável por esta ini­ci­a­tiva, que todos os anos dá a de­zenas de bandas e mú­sicos a opor­tu­ni­dade de mos­trarem o seu tra­balho. Nesta edição par­ti­ci­param, nas vá­rias eli­mi­na­tó­rias, 96 grupos e 479 mú­sicos, o que cons­titui, desde logo, uma re­ve­la­dora amostra da quan­ti­dade de bandas de ga­ragem exis­tentes no País, que apenas es­peram por al­guns apoios para po­derem evo­luir ou, apenas, so­bre­viver.

À se­me­lhança de ou­tros anos – e como é na­tural, tra­tando-se de uma ini­ci­a­tiva pro­mo­vida pela JCP –, o con­curso não se li­mitou a mos­trar as bandas e o seu tra­balho: in­te­grou, umas e ou­tros, na luta em de­fesa da cul­tura, pelo ina­li­e­nável di­reito dos jo­vens (cons­ti­tu­ci­o­nal­mente con­sa­grado) à pro­dução e fruição cul­tu­rais. Em muitas das eli­mi­na­tó­rias, par­ti­ci­param e in­ter­vi­eram can­di­datos lo­cais da CDU.

Mas, como re­velou João Mar­tins, este ano o mo­delo do con­curso foi li­gei­ra­mente di­fe­rente: as «fi­na­lís­simas», que apu­ravam bandas por grandes grupos de re­giões – «Norte» e «Sul» – dei­xaram de se re­a­lizar, pas­sando o apu­ra­mento a ser feito di­rec­ta­mente em cada uma das re­giões. O ob­jec­tivo desta al­te­ração é ga­rantir a pre­sença no Palco Novos Va­lores de pro­jectos mu­si­cais de pra­ti­ca­mente todos os dis­tritos do País.

Num mo­mento em que falta apenas re­a­lizar-se a final de Bra­gança, está já as­se­gu­rada a par­ti­ci­pação das se­guintes bandas: The Flat Moun­tain (Al­garve), Motim (Aveiro), JR & Mo­vi­mento Alen­tejo (Beja), Flat­tenn (Braga), Soul Brothers Em­pire (Cas­telo Branco), Mind­taker (Évora), Join The Vul­ture (Guarda), Sangue Lu­si­tano (Leiria), O Claustro (Lisboa), Po­bres Afor­tu­nados (Porto), Efé­meros (San­tarém), KSF (Se­túbal), Wild­fire (Viana do Cas­telo), Walls­mile (Vila Real) e In The Cisus (Viseu).

Aos que nos três dias da Festa do Avante! re­sol­verem apa­recer junto ao Palco Novos Va­lores, João Mar­tins pro­mete «grandes con­certos» de «grandes bandas», que são o que «de me­lhor há em Por­tugal ao nível das bandas de ga­ragem».

CD evoca Álvaro Cu­nhal

Ao início da tarde de sá­bado, 8 de Se­tembro, é lan­çado no Es­paço Mul­tiusos da Ci­dade da Ju­ven­tude o CD «Nas nossas mãos os des­tinos das nossas vidas». Este é o re­sul­tado do de­safio lan­çado pela JCP a um con­junto de bandas por­tu­guesas para que, a partir da frase de Álvaro Cu­nhal, cri­assem temas ori­gi­nais. Entre as bandas que in­te­gram o ali­nha­mento deste CD estão Gazua, Duplo Ma­ni­festo e AN X Tasy.

Dada a qua­li­dade das bandas e a va­ri­e­dade das suas so­no­ri­dades, este será cer­ta­mente um pro­jecto mu­sical a acom­pa­nhar com atenção – e é, desde logo, uma forma ori­ginal de co­me­morar o cen­te­nário do nas­ci­mento de Álvaro Cu­nhal.


De com­boio até à Festa
 

Após al­guns anos de in­ter­regno, está de volta o «Com­boio da Festa – a forma mais ba­rata (mesmo ba­rata) de chegar à Festa». Par­tindo de Braga no dia 6, às 9h50, o com­boio passa por Nine, Porto, Gaia, Ovar, Aveiro, Coimbra, Pombal, En­tron­ca­mento e San­tarém, che­gando à es­tação de Foros da Amora às 15h17.

Para Du­arte Alves, esta é uma «grande ini­ci­a­tiva para trazer à Festa do Avante! mais jo­vens, de forma mais eco­nó­mica, e ao mesmo tempo uma jor­nada de afir­mação» da Festa e da pró­pria JCP.

De ou­tros dis­tritos, sairão au­to­carros que, de certa forma, cum­prem o mesmo ob­jec­tivo: levar mais longe a Festa do Avante! e trazer até ela muitos da­queles que, fruto do agra­va­mento da po­lí­tica de di­reita, po­de­riam ficar im­pe­didos de ir.
 

De­bates no Mul­tiusos

 

Sá­bado às 14h30: Lan­ça­mento do CD «Nas nossas mãos os des­tinos das nossas vidas»

Sá­bado às 17h30: De­bate «O gra­fiti veio para ficar; o Go­verno está de saída»

Do­mingo às 14h30: De­bate «Arma car­re­gada de fu­turo – os di­reitos da ju­ven­tude em de­bate»